O Amor de Roleta se forçou dentro de mim para além do FIM. Então vou escrevendo até ele me dizer que está tudo acabado ou momentaneamente suspenso e me liberar de sua literatura.
No capítulo anterior (leia antes os posts Amor de Roleta (1/3), Amor de Roleta (2/3) e Amor de Roleta (3/3)):
(...) punho entre os meus seios. Já não sei se essa vontade era dela ou minha.
FIM
eu agora estou arcando com as consequências de meus atos, estou lutando contra os monstros que criei.
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quando voltei a mim nada enxerguei. Só reconheci uma dor que vinha da minha cabeça. Aos poucos fui recobrando a percepção, ajustando meus olhos à pouca luz. Vi que minhas mãos estavam vermelhas de um sangue já quase negro e levei minha mão novamente à suspeita fonte daquele líquido desesperador e confirmei que ele escorria de por debaixo dos meus cabelos. Com a certeza, a dor se intensificou, minha mente tratou já de ativar o sistema nervoso, gritando a meu corpo que respondesse com um inconveniente latejar àquela agressão externa. Sem entender nada, levantei meio descarrilada e dei uma volta sobre os calcanhares, fazendo uma varredura desfocada daquele lugar. Até que encontrei sobre uma mesinha de canto um desenho com poucos traços no qual se podia identificar uma jovem de pouca idade, mas com aparência envelhecida pela magreza e pelos grandes olhos tristes. O papel a identificava como DOLORES.
nesse momento, foi como se o quarto se acendesse por inteiro, em tons bem contrastados de cinza e, em meio a uma fina névoa quase nostálgica, o cenário foi se organizando feito mágica, os objetos flutuando até seus devidos lugares e, depois desse redemoinho de inutilidades girando no ar, meu quarto se fez recordar e eu me vi sentada em frente àquela mesinha de canto, com a mão esquerda em punho entre os meus seios, lendo a história que acabara de escrever. Senti uma pontada tão forte na cabeça que expôs o quarto a um branco puro de fechar os olhos e quando o fiz tudo se fez preto.
logo em seguida, abri novamente os olhos, sobressaltada pela nítida sensação de não estar sozinha. Espremi os olhos algumas vezes para tentar vencer aquelas manchas brancas causadas pela exposição à luz forte e me virei. Levei um susto ao ver, com um pouco de dificuldade, que atrás de mim, agora na minha frente, estava uma jovem de pouca idade, com aparência debilitada, trajando poucos quilos e grandes olhos amarelados. Aos poucos fui recobrando totalmente a visão e quão maior não foi o meu choque ao perceber que se tratava do meu desenho mal traçado que ganhara formas reais e uma respiração falha e barulhenta. Podia-se, agora, observar tantos outros detalhes, como olheiras bem profundas, sardas no nariz e uma cicatriz que escorria do antebraço até esconder-se na palma de sua mão.
seus amarelos olhos se comprimiam, estremecendo no ritmo de uma ira imensurável e eu fui hipnotizada por aquele par de faróis indicando PERIGO. Vi que ela tentava dizer alguma coisa, mas meus ouvidos não captaram som algum. Irritada, ela foi até a mesa de canto, apontou para um bolo de folhas em branco, enquanto estendia o braço esquerdo na minha direção, segurando entre o polegar e o indicador uma caneta. Rosnou:
- Eu quero um final feliz!!! – recostou a caneta sobre as folhas e saiu do quarto, girando a chave pelo lado de fora.
fiquei ali em pé, não sei contar em minutos se por 5 ou 50 (...)
CONTINUA
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Há 8 anos
putz, marida! cê escreve bem, hein? fiquei até arrepiada, pareceu mais uma história de terror... e estou muito curiosa para ler o próximo capítulo! bjos!
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